DIARIO
"Cuestión de principios". Una puesta en escena de Montevideo Teatro
Elenco uruguayo debuta hoy en el Festival de Recife
Luego de su presentación en el decimoséptimo Festival Internacional de Artes Escénicas Poa em Cena, en setiembre de 2010, la obra "Cuestión de principios" de Roberto "Tito" Cossa ha sido seleccionada para representar a Uruguay en el 17º Janeiro de Grandes Espetáculos que se está realizando en Recife, Pernambuco, Brasil.
Protagonistas. Laura Sánchez y Walter Reyno.
Ella, una exitosa escritora. El padre le entrega a su hija un manojo de hojas que contiene sus memorias para que ella escriba un libro con ese material. Los principios de ambos se verán confrontados cuando comiencen a trabajar para dicho libro, dos mundos diferentes, donde se contraponen la ética y los ideales de cada uno. La obra está protagonizada por Laura Sánchez y Walter Reyno y dirigida por Patricia Yosi.
En este festival se presentarán más de treinta compañías brasileñas, espectáculos de Argentina, Cuba, España, Portugal y Uruguay. Montevideo Teatro se presentará con "Cuestión de principios" esta noche y nuevamente mañana en el Teatro Hermilo Borba Filho de Recife.
El crítico teatral de
Hay una puesta en escena de Patricia Yosi, sobria, precisa y exacta en los matices y armado de escenas; y Walter Reyno puede salvar, desde la actuación y con su sentido mediúmnico de contacto con el público, cualquier espectáculo. Vive a su personaje y se identifica con él; en parte el viejo sindicalista es él mismo. Reyno pertenece al ocaso de una generación de militancia, que dio lo mejor que tuvimos en política y también en arte dramático".
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POA EM CENA (Porto Alegre) - Cuestión de principios
Convergência
Dois atores, uma sala. Um belíssimo texto, esse sempre muito importante ao teatro do sul da América do Sul. Walter Reyno interpreta o pai e Laura Sanchez a filha. Ele foi um militante dos Obreiros, um movimento esquerdista que lutava contra a ditadura, ao americanicismo, ao colonialismo. Ela é uma jornalista a serviço do capitalismo, pertencente ao mainstream, representante da classe média burguesa contra a qual o pai lutou a vida toda. O encontro precisa ter um motivo. Ele chama a filha, depois de anos de distanciamento, e pede que ela edite o seu livro de memórias. Ela nega e vai embora. Tempos depois, ela retorna. Tendo assinado um contrato, a jornalista oferecera à editora três temas e nenhum foi aceito. Ao citar a ideia do seu velho pai, a proposta foi aceita. Voltar atrás em sua decisão é questão de negócios.
O debate é totalmente argumentativo: ele e ela não concordam quase sempre. As lembranças dele são questionadas por ela enquanto fatos reais, a ética, a moral, a ideologia são chaves a cada nova reunião. As cenas são rápidas em contraponto com o ritmo que é sutil. Por baixo, das discussões sobre política, está a fuga de conversas sobre o relacionamento familiar, a vida pessoal e íntima. Até que, disso, não há como escapar.
Todos os elementos cênicos: cenário, luz, trilha, figurino, maquiagem, movimentação, tons de voz se apagam diante da história que está sendo contada. Cuestión de principios é um celebre exemplo de teatro dramático, em que todas as linhas são convergentes, em que os sentidos se hierarquizam em em uma ordem sistemática vertical. Então, analisar sua organização textual é sempre partir de um lugar único: o centro da história. O livro será impresso ou não?
Nenhum dos dois personagens é mais fraco que o seu opositor. Nenhum irá ceder e frase alguma ficará sem a devida resposta. A construção do personagem pai é cheia, carregada de nuances temporais. O jeito como Reyno caminha e fala, a forma como ele expõe o texto é forte em significância. Sanchez construiu sua figura de forma ereta, firme, clara. Não há nada de que se tenha dúvidas quanto ao que é dito ou mostrado. Ela é incisiva, cortante, ágil. Juntos, a faca e o queijo, a esquerda e a direita, a juventude e a sabedoria.
E, do lado de cá, uma plateia que se emociona, que se diverte, que aplaude o texto, a montagem, as interpretações, a vinda desse espetáculo ao 17º Porto Alegre em Cena.
Texto: Roberto Cossa / Direção: Patrícia Yosi / Elenco: Walter Reyno e Laura Sanchez / Figurino: Nelson Mancebo / Cenário: Osvaldo Reyno / Iluminação: Carlos Torres / Trilha sonora: Mauricio y Fernando Condon / Duração: 1h10min / Classificação: 14 anos
*Rodrigo Monteiro: Licenciado em Letras - Português/Inglês pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos.Bacharel em Comunicação Social - Habilitação Realização Audiovisual pela mesma universidade. E mestrando em Artes Cênicas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Jurado do Troféu Açorianos de Teatro 2010 e, também, do Troféu Braskem 2010, é autor do blog www.teatropoa.blogspot.com de Crítica Teatral de Porto Alegre
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DIARIO de PERNAMBUCORecife Edição de segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
Montagem uruguaia Cuestión de principios arrebata público com texto e atuações marcantes no Recife
O que é ser revolucionário? Depois de toda uma vida lutando por uma causa sem êxito, os princípios continuam os mesmos? E as memórias guardadas num tempo distante, realmente aconteceram da forma que dizem? Cuestión de principios, montagem do Uruguai apresentada no fim de semana, no Teatro Hermilo Borba Filho, nos propõe alguns desses questionamentos.
Atração do Janeiro de Grandes Espetáculos, a peça expõe um reencontro de pai e filha. Eles tentam, a partir de uma obrigação profissional, retormar a relação afetiva. Walter Reyno e Laura Sanchez têm atuações tocantes. Conseguem comover em suas experiências - a de um pai que queria um mundo melhor para a filha; a de uma filha que idolatrava o pai, mas sentia sua falta e sofria com a tarefa de ter que se fazer forte.
O texto é de Roberto Cossa e a direção de Patrícia Yosi. A filha, escritora de sucesso, recebe uma ligação do pai. Vai ao seu encontro, mais por medo de se sentir culpada, caso seja alguma questão de doença. Chegando lá, é surpreendida com o pedido:o pai quer que ela escreva suas memórias. De um ex-militante dos Obreiros - um importante movimento esquerdista que lutava contra a ditadura, o imperialismo norte-americano e o colonialismo.
As cenas se passam na sala da casa do pai, ao redor de uma mesa, em cadeiras de madeira. Ali se desenrola o fio dos anos. Apesar da carga emocional do espetáculo, o texto tem humor e ironia. Não necessariamente o final é feliz, o livro de memórias é guardado na estante como um troféu, mas na vida real as relações também podem ser assim. (Pollyanna Diniz)
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Depois de muito tempo sem se verem, pai e filha estão frente a frente. Ele é um sindicalista de longa militância política, que dedicou a vida para a construção de um novo mundo, sob sua ótica, mais justo. Ela é uma escritora e jornalista bem-sucedida. Ele já tem uns 70 anos e anda com roupas desalinhadas. Ela é elegante. Quando o pai resolve escrever suas memórias, convoca a filha para compor o livro. Com visões de mundo bem distintas, instala-se o confronto, em que ideais e ética estão na berlinda.
O pai comunista é um pouco sectário, mas honesto. Sua filha o questiona, e diz que ele se equivocou. Também estão em jogo os afetos, não só a política. Talvez, sobretudo, os afetos. Já que, como diz o protagonista, que acreditava que, mudando a economia, transformaria o homem. Mas o ser humano não é apenas economia, é também religião e outros fatores.
Um encontro “borrado pelos afetos”. O ex-militante dos Obreiros – um importante movimento esquerdista que lutava contra a ditadura, contra o imperialismo norte-americano e contra o colonialismo – se depara na figura de sua própria filha com tudo contra o qual lutou. Ela está a “serviço” do capitalismo, pertence ao mainstream, é representante da classe média burguesa. E chega ao cúmulo de confessar que sua primeira experiência sexual foi com um homem norte-americano, para se vingar do pai. Não poderia haver castigo pior para ele.
A peça está estruturada em idas e vindas da filha. Primeiro, ela não quer editar o livro do pai. Depois volta atrás e diz que aquilo é uma questão de negócios e assinam um contrato. E nesses confrontos, as verdades de cada um são reveladas. E destoam. As lembranças do velho são questionadas pela jovem. As cenas são rápidas, e nos diálogos sob o pretexto de se falar de política, de ética, eles discordam dos fatos reais. Até chegar à questão familiar. Principal para ela, que teve um pai adorado e ausente.
Os dois personagens atuam em campos opostos para defender suas argumentações. E elas são fortes. A composição de cada figura é encantadora. Ela é firme, decidida, mais pragmática, revela o outro lado. O gestual dele traz a carga emocional de um homem que sonhou com um mundo diferente e é obrigado a rever sua história. E o diálogo é cheio de humor, de nuances, de delicadeza. O livro será publicado ou não? Bem, isso talvez não importe tanto assim.
Atração do Janeiro de Grandes Espetáculos, a peça expõe um reencontro de pai e filha. Eles tentam, a partir de uma obrigação profissional, retormar a relação afetiva. Walter Reyno e Laura Sanchez têm atuações tocantes. Conseguem comover em suas experiências - a de um pai que queria um mundo melhor para a filha; a de uma filha que idolatrava o pai, mas sentia sua falta e sofria com a tarefa de ter que se fazer forte.
O texto é de Roberto Cossa e a direção de Patrícia Yosi. A filha, escritora de sucesso, recebe uma ligação do pai. Vai ao seu encontro, mais por medo de se sentir culpada, caso seja alguma questão de doença. Chegando lá, é surpreendida com o pedido:o pai quer que ela escreva suas memórias. De um ex-militante dos Obreiros - um importante movimento esquerdista que lutava contra a ditadura, o imperialismo norte-americano e o colonialismo.
As cenas se passam na sala da casa do pai, ao redor de uma mesa, em cadeiras de madeira. Ali se desenrola o fio dos anos. Apesar da carga emocional do espetáculo, o texto tem humor e ironia. Não necessariamente o final é feliz, o livro de memórias é guardado na estante como um troféu, mas na vida real as relações também podem ser assim. (Pollyanna Diniz)
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Recife, 23 de janeiro de 2011
Cuestión de principios é para aplaudir de pé
Por Ivana Moura
Um belo texto. Dois ótimos atores. Uma direção segura. Um espetáculo para se aplaudir de pé. Cuestión de principios, montagem uruguaia da peça do argentino Roberto Cossa, com direção de Patrícia Yossi; Laura Sánchez e Walter Reyno no elenco, propõe uma reflexão sobre a crise da utopia socialista. A encenação do Montevideo Teatro, do Uruguai, foi exibida ontem e ainda poderá ser vista neste domingo (23), às 19h, no Teatro Hermilo Borba Filho (Bairro do Recife), dentro da programação do Janeiro de Grandes Espetáculos.Depois de muito tempo sem se verem, pai e filha estão frente a frente. Ele é um sindicalista de longa militância política, que dedicou a vida para a construção de um novo mundo, sob sua ótica, mais justo. Ela é uma escritora e jornalista bem-sucedida. Ele já tem uns 70 anos e anda com roupas desalinhadas. Ela é elegante. Quando o pai resolve escrever suas memórias, convoca a filha para compor o livro. Com visões de mundo bem distintas, instala-se o confronto, em que ideais e ética estão na berlinda.
O pai comunista é um pouco sectário, mas honesto. Sua filha o questiona, e diz que ele se equivocou. Também estão em jogo os afetos, não só a política. Talvez, sobretudo, os afetos. Já que, como diz o protagonista, que acreditava que, mudando a economia, transformaria o homem. Mas o ser humano não é apenas economia, é também religião e outros fatores.
Um encontro “borrado pelos afetos”. O ex-militante dos Obreiros – um importante movimento esquerdista que lutava contra a ditadura, contra o imperialismo norte-americano e contra o colonialismo – se depara na figura de sua própria filha com tudo contra o qual lutou. Ela está a “serviço” do capitalismo, pertence ao mainstream, é representante da classe média burguesa. E chega ao cúmulo de confessar que sua primeira experiência sexual foi com um homem norte-americano, para se vingar do pai. Não poderia haver castigo pior para ele.
A peça está estruturada em idas e vindas da filha. Primeiro, ela não quer editar o livro do pai. Depois volta atrás e diz que aquilo é uma questão de negócios e assinam um contrato. E nesses confrontos, as verdades de cada um são reveladas. E destoam. As lembranças do velho são questionadas pela jovem. As cenas são rápidas, e nos diálogos sob o pretexto de se falar de política, de ética, eles discordam dos fatos reais. Até chegar à questão familiar. Principal para ela, que teve um pai adorado e ausente.
Os dois personagens atuam em campos opostos para defender suas argumentações. E elas são fortes. A composição de cada figura é encantadora. Ela é firme, decidida, mais pragmática, revela o outro lado. O gestual dele traz a carga emocional de um homem que sonhou com um mundo diferente e é obrigado a rever sua história. E o diálogo é cheio de humor, de nuances, de delicadeza. O livro será publicado ou não? Bem, isso talvez não importe tanto assim.
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